2 de maio de 2010

"a américa é viciada em óleo"

Mais uma dessas coincidências da vida - dias depois do "acidente" que já está sendo chamado de "maior desastre ambiental da história dos EUA", recebo o doc FUEL (aka Fields of Fuel) pra assistir. Em meio a esse caos, que só faz crescer, a importância de um filme como esse fica ainda mais evidente e a frase de George W Bush, que dá título ao post, ainda mais impactante. (fotos impressionantes da mancha de óleo aqui)



O doc, mostra como biocombustíveis podem ser uma alternativa viável à cultura do petróleo. O filme acerta na abordagem prática, objetiva e otimista - ao invés de deixar o espectador perdido e impotente diante de estatísticas e dados apocalípticos, comprova com mil e um exemplos e infográficos a tese de que estamos indo para o buraco e é preciso, e possível, mudar. A cereja do bolo é a abundância de celebridades que apoiam a causa com depoimentos e ações: Woody Harrelson, Julia Roberts, Neil young, Willie Nelson (bio Willie), Sheryl Crow, Richard Branson (magnata dono da Virgin), etc 

 momento tiete. S2!

Não é à toa que Fuel venceu a categoria "Escolha da Audiência" na edição 2008 do festival de Sundance


Ao longo do filme, que traça um panorâma completo da história do petróleo nos EUA,  vamos vendo como as tramóias econômicas e políticas para sustentar o tal vício do país são muito anteriores à "guerra ao terror" da era Bush. Eu não sabia, por exemplo, da ligação entre JD Rockefeller (fundador da maior refinaria americana) e a Lei Seca dos anos 20 (quando o comércio, consumo e transporte de qualquer tipo de alcool - inclusive ethanol, foi proibido nos EUA). A teoria é que, como o Model-T, primeiro carro popular da Ford, podia ser abastecido por um custo menor com etanol, Rockefeller teria pressionado a tal proibição. Ford até que tentou, mas o custo de produzir carros compatíveis com etanol ficou inviável. Um ano depois dele desistir, a proibição acabou. 

Além desse, vários outros episódios obscuros vão sendo ligados a cultura petrolífera do país - o escândalo do senador do alasca que aceitou presentes de empresas do ramo, o abono fiscal prometido a quem comprasse veículos utilitários após os ataques de 11 de setembro (existe coisa mais estúpida que um Hummer?!), as reuniões secretas pré 9/11 mapeando os poços de petróleo do iraque (e a subsequente invasão ao país com a desculpa de armas de destruição em massa), o fato das empresas de petróleo nunca terem reconhecido o desastre ambiental resultante da passagem do furacão Katrina pelas refinarias em Nova Orleans e, o mais bizarro, a morte misteriosa do engenheiro alemão Rudolph Diesel logo após ele criar um motor que funcionava com óleo vegetal.



Nascido e criado em uma região da Louisiana conhecida como "corredor do cancer" (o local conta com 150 refinarias), o diretor e ativista americano Josh Tickell é um ferrenho defensor dos bio-combustíveis. Em 1996 ele rodou os EUA em uma van para informar as pessoas sobre o bio-diesel. No tanque, ao invés de gasolina, uma mistura de alcool e óleo de cozinha usado - coletado principalmente em restaurantes fast food. O projeto, chamado de Veggie Van, é hoje uma ONG cujo conselho conta com nomes ilustres como Peter Fonda e Mariel Hemingway. Ele também é sócio da Green Planet, produtora especializada em filmes ambientais.


Fuel é realmente impactante e mostra como a indústria petrolífera é, literalmente, suja. No fim do doc Tickell lista uma série de opções alternativas, inclusive, ao bio diesel: energia solar, eólica e até combustível criado a partir de algas marinhas. As opções existem - resta saber se os EUA, e o mundo, topam passar por um rehab radical para curar essa dependência.

Nenhum comentário:

Postar um comentário