Mais uma dessas coincidências da vida - dias depois do "acidente" que já está sendo chamado de "maior desastre ambiental da história dos EUA", recebo o doc FUEL (aka Fields of Fuel) pra assistir. Em meio a esse caos, que só faz crescer, a importância de um filme como esse fica ainda mais evidente e a frase de George W Bush, que dá título ao post, ainda mais impactante. (fotos impressionantes da mancha de óleo aqui)
O doc, mostra como biocombustíveis podem ser uma alternativa viável à cultura do petróleo. O filme acerta na abordagem prática, objetiva e otimista - ao invés de deixar o espectador perdido e impotente diante de estatísticas e dados apocalípticos, comprova com mil e um exemplos e infográficos a tese de que estamos indo para o buraco e é preciso, e possível, mudar. A cereja do bolo é a abundância de celebridades que apoiam a causa com depoimentos e ações: Woody Harrelson, Julia Roberts, Neil young, Willie Nelson (bio Willie), Sheryl Crow, Richard Branson (magnata dono da Virgin), etc
momento tiete. S2!
Não é à toa que Fuel venceu a categoria "Escolha da Audiência" na edição 2008 do festival de Sundance.
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Ao longo do filme, que traça um panorâma completo da história do petróleo nos EUA, vamos vendo como as tramóias econômicas e políticas para sustentar o tal vício do país são muito anteriores à "guerra ao terror" da era Bush. Eu não sabia, por exemplo, da ligação entre JD Rockefeller (fundador da maior refinaria americana) e a Lei Seca dos anos 20 (quando o comércio, consumo e transporte de qualquer tipo de alcool - inclusive ethanol, foi proibido nos EUA). A teoria é que, como o Model-T, primeiro carro popular da Ford, podia ser abastecido por um custo menor com etanol, Rockefeller teria pressionado a tal proibição. Ford até que tentou, mas o custo de produzir carros compatíveis com etanol ficou inviável. Um ano depois dele desistir, a proibição acabou.
Além desse, vários outros episódios obscuros vão sendo ligados a cultura petrolífera do país - o escândalo do senador do alasca que aceitou presentes de empresas do ramo, o abono fiscal prometido a quem comprasse veículos utilitários após os ataques de 11 de setembro (existe coisa mais estúpida que um Hummer?!), as reuniões secretas pré 9/11 mapeando os poços de petróleo do iraque (e a subsequente invasão ao país com a desculpa de armas de destruição em massa), o fato das empresas de petróleo nunca terem reconhecido o desastre ambiental resultante da passagem do furacão Katrina pelas refinarias em Nova Orleans e, o mais bizarro, a morte misteriosa do engenheiro alemão Rudolph Diesel logo após ele criar um motor que funcionava com óleo vegetal.
Nascido e criado em uma região da Louisiana conhecida como "corredor do cancer" (o local conta com 150 refinarias), o diretor e ativista americano Josh Tickell é um ferrenho defensor dos bio-combustíveis. Em 1996 ele rodou os EUA em uma van para informar as pessoas sobre o bio-diesel. No tanque, ao invés de gasolina, uma mistura de alcool e óleo de cozinha usado - coletado principalmente em restaurantes fast food. O projeto, chamado de Veggie Van, é hoje uma ONG cujo conselho conta com nomes ilustres como Peter Fonda e Mariel Hemingway. Ele também é sócio da Green Planet, produtora especializada em filmes ambientais.
Fuel é realmente impactante e mostra como a indústria petrolífera é, literalmente, suja. No fim do doc Tickell lista uma série de opções alternativas, inclusive, ao bio diesel: energia solar, eólica e até combustível criado a partir de algas marinhas. As opções existem - resta saber se os EUA, e o mundo, topam passar por um rehab radical para curar essa dependência.
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