1 de agosto de 2010

tomorrow, in a year

Tomorrow in a Year é, nas palavras dos seus criadores, uma 'eletro-ópera' baseada na vida e obra de Charles Darwin. Parece estranho, e é. Mas é também bem interessante, super bem executado e extremamente inovador. 


Criado pelo coletivo dinamarquês Hotel Pro Forma, o espetáculo audio-visual combina ciência, história natural e filosofia com música e performance. No palco, uma soprano, um ator e uma cantora pop se revezam no papel de Darwin, cantando trechos de suas anotações e cartas escritos durante os cinco anos em que ele trabalhou no livro 'A Origem das Espécies'. Suas impressões sobre as viagens e pesquisas são extremamente poéticas e dão a dimensão exata do encantamento de Darwin com o mundo à sua volta . A saudade da família também é um tema recorrente e rende ótimos momentos - a parte em que ele fala/canta sobre a morte da filha Annie, de apenas 10 anos, é bem emocionante.


A cenografia tecnológica conta com uma base modular que atua como um segundo nível do palco (com os atores em cima) e como fundo para o primeiro nível - painéis verdes luminosos criam um padrão que lembra uma imagem microscópica de alguma molécula verde ou então bambus verdes na horizontal.



O cenário minimalista se baseia muito no jogo de luz e além disso e de um cubo vermelho luminoso, conta apenas com uma tela semi-transparente suspensa sobre essa base. Imagens de natureza (animais e paisagens) ou abstratas (lembrando células, microorganismos, etc) são projetadas e volta e meia recebem desenhos criados com laser, tornando a tela um imenso sketch book digital.




Os atores/dançarinos interagem o tempo todo com o cenário e com as projeções - entrando e saindo, subindo e descendo. Em um determinado momento, o posicionamento do projetor (atrás da tela) gera uma inversão de papéis: os atores viram as sombras de suas sombras. Ou melhor, parecem mais fantasmas seguindo as sombras pelo palco.





fotos pescadas daqui


Pra arrematar, a trilha fica por conta do duo eletrônico sueco The Knife formado pelos irmãos Karin Dreijer Andersson (aka Fever Ray)  e Olof Dreijer (colaboraram Mt. Simms e Planningtorock).  Música pop, eletroniquices experimentais, sons ambientes (capturados nas geleiras da islândia e na floresta amazônica), árias e poesia foram misturados para compor as 16 músicas que conduzem o espetáculo. O som, ora orgânico ora robótico, dá a deixa para uma coreografia igualmente experimental, que parece composta por uma série de espasmos e movimentos involuntários coordenados.

Duas das que eu mais gostei:



The Knife comentando o projeto:

A Roundtable Conversation on Tomorrow, In A Year from The Knife on Vimeo.


Da pra ouvir o albúm todo aqui

O espetáculo tem duração curta (1 hora) então não se torna cansativo. Apesar de achar o final meio repentino e mal resolvido, definitivamente valeu o ingresso. Tomorrow in a Year estreou em Copenhague em Setembro de 2009 e, por enquanto, só passou por Londres e Estocolmo (em Outubro eles se apresentam em Melbourne, Austrália). Mais infos aqui

Dica do Pedro Seiler (who else?...)

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